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Recordando II

1/3/2021

 
​Recordando…II
Meu avó materno tinha por hábito, todos os dias de S. Martinho, 11 de Novembro, ir jantar a casa do sr. Manuel Henriques, que fazia anos neste dia e convidava um grupo de amigos.
Do jantar, propriamente dito, ele não falava…que tinha corrido bem…etc e pouco mais.
Sempre ouvi falar do sr. Manuel  Henriques, cuja casa, se avistava das nossas janelas.
Não tenho recordações do senhor…até que fui estudar para Lisboa em 1964.
Minha mãe, não queria que eu fosse estudar mais, porque meu mano deixou de estudar…Se ele não queria…eu também não tinha o direito…nada mais injusto…
Bati o pé e disse que ia estudar.
Meu pai autorizou e lá fui com a  minha mãe a Lisboa, para me inscrever…
O pior foi lá…Não me queria deixar ir para onde eu queria. Lá tive que ficar na Escola Josefa de Óbidos, muito perto do cemitério dos Prazeres, para onde iam todas…quando terminavam a Formação Feminina. Ali mesmo na secretaria foi uma briga , porque me queria obrigar a ir para Bordados. Como já tinha tido a minha dose de bordados…disse que não. Só me davam dois cursos à escolha: Bordados ou Modista. Escolhi Modista, pensando que pelo menos faria a minha roupa. A outra escola que eu queria, nem pensar…tinha turmas mistas e não podia ser. Ainda foi a escola a  indicar o lar, onde eu poderia ficar, resolveu-se tudo  e voltamos para casa, de comboio, aquela coisa que leva toda a gente…Pouca terra…pouca terra….
No 1º ano, nunca queria que eu fosse de comboio passar o fim de semana….( nunca fiando…o meu irmão já tinha fugido de casa…), então ela pedia boleia, sempre que podia.
Uma das pessoas a quem pediu foi ao sr. Manuel Henriques, que disse que sim , sem qualquer problema e sempre que eu precisasse. Por esta altura meu avö já tinha falecido há dois anos.
Foi assim que fiquei a conhecer o senhor. Foi simpático comigo, vinha à frente ao lado do motorista, sempre a falar.
Da 2ª vez que me trouxe, na despedida, perguntou-me: -Tem medo de mim?- respondi que não e expliquei o meu problema auditivo e como devia falar comigo. Ele retorquiu:- Eu sei que a menina fala e até canta, que ouvi histórias do seu avö…e sorriu.
Ficou por aquí a conversa e quando tornei a vir com ele, fiquei surpresa: vinha sentado atrás, mesmo sem mais pessoas.
Explicou-me que vinha atrás, para falar comigo. Agradeci, claro. Falou toda a viagem…Política, negócios, etc…um sem fim de motivos. Sempre sentado, com a bengala entre as pernas e as mãos apoiadas na bengala.
Estas são as recordações que tenho dele.
Ele tinha 3 netos, filhos da filha casada com o dr. Jorge Ferreira. A Mitó era a mais nova e uma menina doce, mais velha que eu, sempre a encontrava com a mãe na rua e quando eu ia com a minha mãe, lá ficavam as mães a conversar…O Zé Carlos que era o filho do meio, se a memória não me falha . Foi médico, como o pai, tal como era fisícamente parecido com ele. Esse, acho que nem me conhecia, mas podia ser só impressão minha…tal como o pai…era uma inclinação de cabeça e já estava o cumprimento feito. O mais velho era o Tó Jorge, que eu sempre via com a Teresa Magno, porque namoravam desde que eu me conhecia..
A Gabriela Magno,  minha colega de turma e irmã mais nova da Teresa, sempre ia nos bailes com o irmão. Da Teresa nunca me lembro de a ver nos bailes, tal como a Mitó.
Nesta altura havia uns bailes, na Pensão Pombalense, que era gerida pela mãe da Isabel Damâso, uma senhora que já estava viúva. Não tenho recordaçoes do marido dela. Sempre me lembro dela viúva.
Esses bailes, no Carnaval, eram tipo familia, todos se conheciam. Eu ia com a D.Clarise Blanc Esteves, a minha vizinha do lado e as filhas dela e às vezes era a mãe , a D. Ester que ia com as meninas todas.
O Tó Jorge ia nesses bailes e às vezes, convidava-me para dançar…eu devia ter nessa altura uns 14 anos e ele pelo menos mais 10 anos que eu..como era tudo gente conhecida…
Um dia, ele perguntou-me se  podia sentar na cadeira do lado…Respondi que sim, porque a Manuela estava a dançar…mas que quando ela voltasse…ele tinha que sair….e mal acabei de dizer isto, é que dei conta do que tinha dito..Ainda procurei um buraco onde me enfiar…mas não havia…com muita pena minha e nem me atrevia a olhar para ele..
A música terminou, Manuela vinha para se sentar, começou logo outra música a tocar e eu fui “arrastada “ pelo Tó que me tinha pegado na mão e me levou, sem perguntar se eu queria dançar… Nem me atrevi a dizer nada…mas quando  olhei para ele…os olhos…esses riam descaradamente por detrás das lentes dos óculos. Dançou e ainda passou toda a dança a cantar, porque estava perdido de riso…mas nem uma palavra me disse sobre o que eu lhe tinha dito…
Voltei a vê-lo várias vezes em Lisboa anos mais tarde, frequentava o mesmo café onde eu ia, mas nem uma palavra.
 Eu falo quando as pessoas me falam, se não me falam…é poque não querem.
…E nunca mais o voltei a ver…já lá vão 50 anos.
E hoje sorrio, ao relembrar estas idiotices da minha adolescencia…
 Paula Gameiro
 

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