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Este sítio pertence à Costumes e Diálogos - Associação Cultural, sediada em Pombal.
Tem como objetivo trabalhar a cultura, em particular o Património Imaterial Pombalense, como fenómeno potenciador de criar reconhecimento e mais-valias para o território pombalense. Assumimos em primeiro lugar, um compromisso com a identidade cultural da região. Os usos, costumes, cantares, etc, são de tal forma genuínos, únicos, que ao serem divulgados, contribuem para uma afirmação cultural da região pombalense perante as outras regiões. Assumimos em segundo lugar um compromisso com a contemporaneidade, pois torna-se necessário que o Património Imaterial tenha uma linguagem contemporânea, do ponto de vista estético, para melhor ser difundido e compreendido por todas as gerações. Será a melhor forma da sua preservação. Assumimos em terceiro lugar o compromisso de contribuir para partilhar, como todos os Pombalenses espalhados pelo mundo inteiro, toda a riqueza cultural da nossa região. |
Entre 1983 e 1985, promovido pelo Teatro Amador de Pombal e pelo Grupo de Arqueologia e Espeleologia de Pombal, realizou-se um Levantamento Cultural de algumas Freguesias do Concelho de Pombal. Dezenas de jovens partiram ao encontro de pessoas que se disponibilizaram para partilhar a sua experiência de vida, a vivência de outros tempos tão genuínos... foi uma experiência maravilhosa de partilha de saberes, um diálogo entre gerações, que marcou todos aqueles que tiveram o privilégio de participar neste trabalho.
Infelizmente, não foi dado seguimento a esse trabalho deveras importante para a identidade cultural da nossa região. Ficaram por fazer a maioria das Freguesias do Concelho e, como se não bastasse, todo o espólio que foi doado por esse povo generoso para um dia se poder erguer um Museu da Tradição Cultural de Pombal, desapareceu misteriosamente. Felizmente não se perdeu tudo. O que se aproveitou e recuperou é partilhado nesta sítio. Um agradecimento especial ao Dr Joaquim Eusébio, Mário Sacramento, José Silva e a todos os jovens envolvidos neste projecto. |
As Festas do Bodo sempre foram, nos tempos antigos, as festas do povo, para o Povo e com o Povo.
Durante três dias, o Povo vivia no Largo do Cardal, acampando nalguma tasca ou no Parque frondoso, onde hoje se situa o Jardim do Cardal. Vinham para a Vila na sexta-feira, a pé, da sua aldeia e só regressavam após o fogo de artificio de domingo à noite. Traziam os seus tocadores de harmónio ou concertina, e era ver estes ranchos de gente em cada esquina a proporcionar bailaricos espontâneos. Os namoricos fervilhavam, com os moços e as moças a querem aquilo que era sobejamente proibido na época. O povo, nos tempos antigos, era participante nas festas. |
Façamos das antigas memórias
As grandes armas da esperança E tiremos das doces lembranças A matéria-prima para novas histórias! Lucas Ferreira As Memórias Fotográficas da Vila de Pombal ajudam-nos a perceber como chegámos aqui, ajudam-nos a perceber que o caminho que hoje percorremos foi feito por alguém para nós. E lembra-nos que devemos fazer o mesmo. |
Neste espaço, procuramos divulgar toda a informação recolhida sobre as Memórias da Vila de Pombal, através da recolha de depoimentos de pombalenses gravados em registo de vídeo.
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Quem ouviu falar do Frade Divaldo, Guilitas, Ildefonso Monteiro Leitão, António Melga, Pedro de Sagunto, Amadeu da Cunha Mora, A. Costa Pereira, Pedro Sá, Rui da Fonseca... e muitos outros?
São Autores Pombalenses, que em períodos diferentes da história, escreveram sobre Pombal, as suas gentes, o seu território, os seus costumes, entre outros assuntos. Tivemos a ousadia de ir buscar à gaveta esses textos maravilhosos e partilhar com todos os Pombalenses. |
Já foram tantos os grupos desportivos na Vila de Pombal...
O primeiro conhecido foi o "Glória Foot-Ball Club", surgindo depois o "Operário". Estes dois juntaram-se e formaram o "Sport Club Pombalense". Mas havia mais... o "Águia Club" e o "União Desportivo Pombalense", que mais tarde se juntaram ao recente "Sport Club Pombalense". Existia também nesse tempo o "Club Sportivo 1º de Maio", que chegou a ter um jornal, que se chamava "O Desporto". Mais tarde, na apresentação do "Sport Club Pombalense", em 20 de Outubro de 1922 (curiosamente uma sexta-feira) contra o "Sporting Clube de Tomar", o Team pombalense acabou por entrar em campo já com outro nome: "Sporting Clube de Pombal" (influência dos Nabantinos). Mas não se ficou por aqui, em Pombal. Ainda surgiu mais tarde a "Associação Desportiva Pombalense", os "Onze Leões de Pombal" e o "Onze Misto de Pombal". |
Houve tempos em que nas aldeias os bailes eram animados apenas com o canto. Por vezes lá havia um pífaro, uma flaita ou um bandolim. Na Vila era diferente. Havia a "Orquestra do Dr Manuel Pinto", composta por cordofones, integrada na "Associação Pé Fresco". Mais tarde foram as Tunas. Várias... "Tuna 1º de Maio", "Tuna dos Caixeiros", "Tuna dos Operários", entre outras. Despontaram grandes músicos nesse tempo. Um deles, Ricardo Augusto da Silva, deixou importante obra musical dedicada a Pombal. Depois veio a moda do Jazz, com os grupos "Sul América Jazz" e "Jazz Vitória". Mais tarde surgiu a "Orquestra Baião", influenciada pelo som de Glenn Miller. Com o surgimento do acordeão, transformou-se em "Conjunto Baião". No tempo dos Beatles, surgiu o "Conjunto Kinzé Varela"... e por aí fora. Pombal sempre foi terra de grandes músicos.
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O primeiro jornal publicado em Pombal foi o "Cão de Fila". Satírico, anónimo, mordia nas canelas de todos aqueles que não caiam nas boas graças do editor que nunca ninguém conheceu.
Surgiram depois muitos outros. Pombal sempre foi fértil a publicar periódicos. Uns duraram muito tempo, outros foram efémeros. Como o caso do jornal "O Cardal". Ou o jornal do grupo desportivo "Club Sportivo 1º de Maio", entitulado "O Desporto", que se limitou a uma ou duas edições. "O Correio do Pombal", "O Progresso Pombalense", "O Imparcial", "A Defesa", "Terra Mãi", "Notícias de Pombal", "O ECO", "Voz de Pombal" (Jornal da Paróquia de Pombal), "Voz da Mocidade" (Jornal da escola Industrial e Comercial de Pombal), "Voz do Arunca", "Pombal Livre"... eis alguns dos muitos títulos que marcaram a época em que "(con)viveram" com os pombalenses. Nalguns casos, foram verdadeiros influenciadores sociais, como o jornal "O Imparcial", verdadeiro embrião do regime republicano. Para um Concelho com elevado número de analfabetos, tanto jornal editado é obra assinalável. Para além da vertente doutrinal, que todos acabam por ter, a sua leitura permite-nos "conhecer" o ambiente social da sua época e os principais acontecimentos que marcaram Pombal nos últimos 120 anos. É através das suas publicações que sabemos que Pombal já teve muito mais atividade cultural endógena do que têm hoje. Foram, provavelmente, os responsáveis para que a nossa identidade cultural e social não se tivesse esfumado no tempo. |
Nos primeiros anos do século vinte, na então Vila de Pombal, os festejos em honra de Santo António, realizados junto à capelinha em honra do santo português, só eram ultrapassados, em brilho e em honra, pelas Festas do Bodo, quando estas se realizavam. Perdendo fulgor ao longo dos anos, chegou-se a meados do referido século sem festas e sem capela, completamente arruinada pelo tempo e pela indiferença.
Em Março de 1969, um grupo de pombalenses, (que para além de terem espirito bairrista, tinham a particularidade de ter o primeiro nome igual ao do santo), decidiu criar o grupo onomástico «Os Antónios». O objetivo era logo nesse ano, relançar as festas de Santo António, com o mesmo brilho de outrora. Para recordar e pensar, fica aqui registado o desejo de “Os Antónios” em 1969, no fim da festa: «A Festa Acabou! Mas ela perdurará na nossa memória. Ela ficará a marcar o inicio de uma nova época de Festas a Santo António na Vila de Pombal.» |
A existência periódica de ranchos organizados em Pombal pode ser comprovada, desde 1918.
Inicialmente a sua presença era apenas solicitada por ocasião das fogueiras dos Santos Populares ou nas Festas do Bodo, sendo que em cada ano era organizado um rancho diferente. O seu repertório, tanto ao nível da música como da dança, era renovado anualmente. As canções eram compostas sobretudo por figuras ilustres locais ligadas à música e à poesia popular, destacando-se a figura de Ernesto Martins como o grande ensaiador destes projectos até finais dos anos 30 do século passado. Até 1956, os ranchos tiveram uma estética cultural próxima das marchas. A partir desse ano, com a transformação do Rancho Flores de Pombal (na sua terceira versão, criada em 1951) em Rancho Típico de Pombal, (com a abordagem "etnográfica" como prioridade), tudo passaria a ser diferente. |
"Do Castelo de Pombal
Vejo Pombal tão branquinho Vejo as Torres do Cardal E as pombas fazendo ninho Vejo as ruas estreitinhas E à noite pelo luar As suas casas velhinhas Parecem querer-se abraçar" |
Como vemos as nossas Memórias nos tempos de hoje?
Em que nos ajudam? Que papel cultural têm as Memórias nos tempos de hoje? Qual o papel que os agentes culturais poderão ter em Pombal, atualmente, e que aprendizagens poderão existir a partir das memórias do passado? Qual o papel que está destinado à cultura para o desenvolvimento de Pombal? Temos uma cultura mais abrangente, inclusiva, ou pelo contrário, uma cultura de clientela? Poderão as Memórias Pombalenses ter um papel determinante no reforço da identidade pombalense? De que forma? Estas e muitas outras questões serão desenvolvidas neste espaço. Estão todos convidados (sem exceção) a participar neste espaço, contribuindo com a vossa opinião. |